Henri Cartier-Bresson, Wilson Baptista e Roger Humbert

 Henri Cartier-Bresson: 


Nascido no dia 22 de agosto de 1908, na cidade de Chanteloup-en-Brie na França, Henri-Cartier Bresson foi um fotógrafo que utilizava a sua câmera como um instrumento da intuição e da espontaneidade, se autodenominando um "ladrão de imagens". Bresson descobriu a paixão por fotografia aos 22 anos, em uma viagem à África. Ele relata que ao ver o registro do fotógrafo húngaro Martin Munkacsi dos meninos negros correndo em direção à onda, simplesmente não conseguia acreditar que tal coisa poderia ser captada por uma câmera. Foi nesse momento que pegou a câmera e foi para as ruas, entendendo, de repente, que a fotografia era capaz de captar a eternidade instantaneamente.
 
Fotografia de Martin Munkacsi que inspirou Bresson

Na década de 30, Bresson se juntou à esquerda francesa para lutar contra o fascismo que se expandia pela Europa, e durante a Segunda Guerra Mundial serviu o exército da França na unidade de Filme e Foto, tendo sido capturado pelos nazistas e mantido em um campo de trabalhos forçados por 3 anos até fugir e entrar para a Resistência. Em 1947, em parceria com outros fotógrafos, criou a renomada agência fotográfica Magnum. Henri Cartier-Bresson foi um profissional cuja produção fotográfica transmitia verdade, uma vez que acreditava que a câmera era capaz de traduzir o mundo real em imagens, flagrando-as em suas manifestações mais espontâneas. Em 1968, Bresson se aposentou da fotografia para se dedicar à pintura e ao desenho e em agosto de 2004, semanas antes do seu aniversário de 96 anos, faleceu em sua casa na França. 

Atrás da Gare Saint-Lazare (1932) - Henri Cartier-Bresson: 


A fotografia "Atrás da Gare Saint-Lazare", tirada em 1932, é uma imagem bastante representativa da premissa do trabalho de Bresson, uma vez que ao conseguir capturar o retrato momentos antes de o pé do sujeito fotografado tocar a água, ele consegue demonstrar com perfeição o que denomina de "o momento decisivo". Além disso, a foto também transmite a maestria da percepção de enquadramento de Cartier-Bresson. O fotógrafo consegue, não somente enquadrar perfeitamente o homem e o seu reflexo na poça, como também, se observarmos o fundo da imagem, um cartaz no qual uma figura pula na mesma posição que a pessoa fotografada. A utilização do preto e branco na imagem traz alguns elementos bastante interessantes à composição. Nesse sentido, é possível notar o grande contraste entre os tom bastante claros da água da poça e as escuras figuras do homem e do reflexo. Além disso, o fato de figura da pessoa ter ficado bastante escura também é um elemento que desloca o equilíbrio da imagem para o lado direito, aspecto esse que é reforçado pelo fato de o fundo da foto estar envolto por uma espécie de névoa, o que tira o foco da fotografia dessa parte do cenário. 

O ciclista (1932) - Henri Cartier-Bresson: 


Na fotografia "O ciclista", tirada por Bresson em 1932, é possível destacar vários elementos interessantes. O primeiro deles que me chamou a atenção foi como o fotógrafo utilizou a cor (ou a ausência dela) para dar destaque aos elementos mais relevantes da fotografia. Ao observar a imagem, é possível perceber, que, no geral, ela apresenta tons bastante claros. No entanto, ao prestar atenção no ciclista e no corrimão da escada, percebe-se que ambos possuem tons escuros, o que chama o olhar do observador para esses componentes da foto. Em segundo lugar, é significativo notar o fato de que a figura do ciclista não é nítida, uma vez que ele está se movendo. Por fim, é perceptível também o contraste entre as duas figuras que recebem destaque na foto, à medida em que a escada está imóvel e o ciclista está em movimento. 

Wilson Baptista: 


Wilson Baptista foi um fotógrafo nascido em Belo Horizonte, Brasil, no ano de 1913. Nas fotografias produzidas por Baptista, o foco principal não era o conteúdo retratado, mas sim as formas que se delimitavam nas imagens por ele produzidas. No entanto, embora não fosse seu maior objetivo, o belo-horizontino foi capaz de captar em suas fotos importantes transformações arquitetônicas, urbanas e sociais ocorridas na capital mineira, em especial entre as décadas de 30 e 60. Wilson Baptista fotografou Belo Horizonte por 70 anos, falecendo no ano de 2014. 

Conjunto JK (1955) - Wilson Baptista: 


A fotografia tirada do Conjunto JK, importante patrimônio arquitetônico localizado em Belo Horizonte, demonstra perfeitamente a premissa do trabalho de Wilson Baptista: o foco não está no edifício em si, mas sim nas formas que se delimitam a partir dele. Tal aspecto é perceptível no fato de o objetivo principal da imagem não ser mostrar a construção em sua completude, mas sim apresentar as figuras geométricas contidas nela, como a espiral das escadas ou os paralelogramos formados a partir das sombras projetadas nas paredes. Além disso, o enquadramento da foto também é bastante interessante, uma vez que as linhas não estão retas, mas sim na diagonal, e a imagem não parece ter começo, nem fim, mas sim continuar indefinidamente. Por fim, o contraste entre claro e escuro também é bastante forte na imagem e é utilizado com maestria para destacar as formas da estrutura do edifício. 

Procissão na Rua da Bahia (1944) - Wilson Baptista: 


Novamente, em consonância com o a premissa de seu trabalho, o foco de Wilson Baptista não é capturar o evento, mas sim as formas e linhas que se apresentam a partir dele. Na fotografia da procissão da Rua da Bahia, é interessante notar as linhas que se formam a partir das filas de pessoas, e como, no lado direito da imagem, essas linhas são entrecortadas pelos fios enquadrados por Baptista. Outro aspecto interessante da imagem é que ela é mais escura na parte superior e se torna mais clara à medida que observamos as porções inferiores da foto, aspecto esse que também se reflete nas vestimentas das pessoas, com mais pessoas vestidas de preto no topo da imagem e mais pessoas de branco na parte de baixo. 

Roger Humbert: 


Roger Humbert é um fotógrafo nascido na Suíça no ano de 1929. Humbert se tornou o pioneiro da fotografia concreta, que tem como pressuposto uma forma de fotografar cujo foco é em si mesma e que está desconectada de iconografias e simbolismos. Devido à natureza de seu trabalho, o suíço foi descrito como um cientista natural no campo da fotografia. Atualmente, Humbert vive e trabalha na Basileia. 

Untitled - Abstract Colour Photograph #1 (1972) - Roger Humbert:


A imagem abstrata produzida por Humbert é interessante pelo contraste entre as cores vibrantes e o fundo preto e pelo formato adquirido pela conjunção das diversas faixas verticais de luz. 

Untitled - Photogram #36 (2002) - Roger Humbert:
 

A imagem produzida por Roger Humbert, feita a partir da técnica de fotograma, contrasta com a fotografia abstrata #1 por sua ausência de cores. Além disso, a oposição entre as firmes linhas que compõem os quadrados no centro da foto e a figura pouco nítida, com bordas esfumadas, que está sobre eles também são elementos que tornam a produção de Humbert bastante interessante. 


















Comentários

Postagens mais visitadas