Dinâmica da Sintegração
No dia 30 de maio realizamos no horário de aula uma discussão por meio da dinâmica de sintegração acerca dos textos que tratavam da questão da virtualidade na arquitetura. Tal debate foi dividido em 4 rodadas, nas quais se desempenhava as diferentes funções de debatedor, crítico ou observador.
Rodada 1: Observadora
Na primeira rodada atuei como observadora em uma roda de discussão cujo tema era a discussão das possibilidades de interfaces com as quais as pessoas se engajem para dar continuidade à produção, tendo em mente a mudança de foco do produto para o processo. Neste debate foi discutida a questão da virtualidade como abertura de espaços e de possibilidades para a interação, as diferenças entre digital e virtual, a questão da construção de objetos com o intuito de superar determinados obstáculos, e como tal lógica de produção acaba por resultar em uma ultraespecialização do objeto e em uma dependência em relação a ele e a questão doa necessidade de ter muito cuidado ao projetar para o outro, uma vez que é essencial criar espaços generosos. Além disso, o tema da interação também foi abordado de maneira bastante profunda, com o levantamento de indagações acerca das diferenças entre interagir com o objeto ou apenas reagir a ele, do aspecto de algumas interações serem muito fechadas, da questão de o objeto guiar as interações, mas não limitá-las e da necessidade de entender como a interação se dá, mas não necessariamente entender como o objeto funciona. Por fim, uma pergunta foi lançada: Como propor interfaces que possibilitam aberturas e interações? Pergunta que teve como resposta imaginar o objeto como processo e não como um resultado a ser obtido, projetando-o com um enorme cuidado para não impor suas subjetividades no projeto e com a ideia de que ele é algo que sempre estará em processo, mas nunca finalizado.
Rodada 2:
Na segunda rodada ganhei a função de debatedora e tive como desafio problematizar a cidade pautada na relação produção-consumo e a cidade no modelo que coloca o habitante como protagonista na configuração do espaço que habita. A principal crítica feita à cidade planejada em função da produção e do consumo foi que ela não está adaptada às necessidades de pessoas reais, mas sim de pessoas idealizadas que não existe e que, portanto, esse é um modelo de cidade muito pouco generoso e que tem que estar frequentemente em reconstrução para se adaptar às novas demandas que surgem, uma vez que seus espaços são tão pouco flexíveis que não é possível reciclar quase nenhuma estrutura dele, tendo que reconstruí-lo do zero quando novas questões são impostas aquele local. Em contraposição, no modelo em que o habitante tem papel principal na configuração do espaço, muitas vezes interesses pessoais são priorizados em detrimento do bem coletivo, sendo necessária a orientação de uma pessoa com conhecimento técnico para guiar o destino do espaço em uma direção mais benéfica a comunidade, lembrando sempre da necessidade que há desse profissional estar sempre em contato com a realidade das pessoas que terão suas vidas modificadas pelas mudanças urbanas propostas.
Rodada 3:
A terceira rodada foi o momento que tive para atuar como crítica. Nesta fase, minha principal função não era me atentar tanto ao que era falado, mas sim na maneira com que o debate foi conduzido. Partindo dessa perspectiva, pude observar que em vários momentos a discussão não foi produtiva em razão de longas pausas entre um argumento e outro e momentos de silêncio nada breves nos quais nenhum argumento era proferido e a discussão ficava paralisada. No início da rodada, houve uma dúvida generalizada dentre os debatedores acerca do conceito de "interação dialógica", conceito que foi entendido por eles ao final da discussão como algo relacionado à conversa, de forma que eles relacionaram brevemente esse conceito com as possibilidades do programático e tentaram fazer conexões entre os argumentos proferidos e os textos lidos anteriormente. Outra coisa que pude notar foi uma grande preocupação em discutir o tema de uma perspectiva teórica e conceitual, deixando de lado o aspecto mais prático e real do tema em segundo plano.
Rodada 4:
Na quarta e última rodada tive a oportunidade de voltar a ser debatedora, me envolvendo em uma discussão acerca da questão de como passar da experimentação estética na tela bidimensional, para o não-objeto no espaço tridimensional e na direção da interatividade-interativa. Tendo em vista a dificuldade do tema em questão, muitas vezes o debate se tornou em direção à discussão de questões teóricas e conceituais. Nesse sentido, o texto de Ferreira Goulart acerca da Teoria do Não-Objeto foi repetidamente citado para tratar da questão de como retirar a base e a moldura não são ações que garantem por si só o status de não-objeto. Aprofundando nessa questão, também foi debatida a questão de que ser um não-objeto tampouco é uma garantia da interação-interativa. Nesse momento voltamos aos textos sobre virtualidade para relembrar os diferentes graus e tipos de interação. Ao fim da discussão foi possível perceber que o tema abrangia assuntos que necessitariam de muito mais do que 20 minutos para serem discutidos, de forma que, embora não tenhamos chegado a nenhuma conclusão final, ainda sim tivemos uma conversa bastante produtiva.
Percepções sobre a dinâmica: De maneira geral, achei a proposta da dinâmica bastante interessante e efetiva para a discussão em grupos grandes. A função que mais gostei de executar foi a de crítica, uma vez que essa posição me permitiu enxergar os argumentos que estavam sendo veiculados de uma maneira mais distanciada, mas ainda sim poder, ao final dos 20 minutos de debate, acrescentar algo que é produtivo para o tema tratado e para a condução dos debates de maneira geral.
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